ENTREVISTA SOBRE O TEATRO MARIA VITÓRIA
11 - mar - 18
Teatro Maria Vitória, uma história de amor…
A BOL News elegeu o Teatro Maria Vitória como um exemplo de longevidade no panorama cultural português: atravessou o século e soube adaptar-se aos novos tempos, sem nunca deixar morrer a Revista. Um palco cheio de história, ao qual o produtor Hélder Freire Costa rende-lhe homenagem.
Teatro Maria Vitória | Beatriz Costa nos anos 30
A história do Teatro Maria Vitória confunde-se, de certa forma, com a do Parque Mayer. Pode contar-nos um pouco dessa história?
O Parque Mayer nasceu no ano de 1922, mais propriamente a 15 de junho, ocupando o lugar da extinta feira de agosto, que existira nos terrenos que hoje pertencem ao Parque Eduardo VII. Localizado no Parque Mayer, o Teatro Maria Vitória foi inaugurado poucos dias depois, a 1 de julho do mesmo ano. O nome foi escolhido em homenagem a uma fadista-atriz de origem espanhola a viver em Portugal, uma mulher de personalidade irrequieta, que morrera poucos anos antes.
No mesmo recinto, erguiam-se 4 anos mais tarde o Teatro Variedades (1926), o Edifício Capitólio (1931) e o Teatro ABC (1956). De todos eles, apenas o Maria Vitória continua a apresentar, como sempre fez, o nosso Teatro de Revista.
De que forma o plano de reabilitação do Parque Mayer contribuiu para o sucesso daquele espaço cultural lisboeta?
O plano ainda não se iniciou. Apenas se recuperou o Capitólio, um edifício que já não tem a beleza de outrora. Por agora mantém-se inativo e se vier a ser utilizado pensamos que nunca será para a atividade teatral, porque as suas condições atuais não o permitem.
O teatro de revista em Portugal está bem e recomenda-se?
O teatro de revista já passou por piores dias. Há atualmente uma retoma, o que nos indicia que, após a crise, o público voltou a fazer as pazes com o seu teatro de eleição – a Revista.
Há com certeza histórias curiosas nos 96 anos de vida do Teatro Maria Vitória. Seria possível partilhar alguma?
Recordo-me de uma altura em que a Mariema Mendes de Campos, no auge da sua carreira de atriz de Teatro de Revista, foi contactada pelo nosso empresário Sr. Giuseppe Bastos, de quem fui secretário e com quem aprendi as lides teatrais. Munido de uma pequena máquina de escrever Messa, fui com o Giuseppe à esplanada do Parque Eduardo VII, onde nos encontrámos com a Mariema - que trabalhava no Teatro ABC - e ali redigi um contrato secreto. Ela continuaria no ABC mas quando se aproximasse o final da sua carreira, anunciaria que na temporada seguinte transitaria para o “Maria Vitória”. E assim aconteceu…
O que é ainda lhe falta fazer no Maria Vitória?
No Maria Vitória falta-me fazer tudo, embora já tenha produzido mais de 50 espetáculos. Mas, sobretudo, gostaria de assistir à recuperação do Parque Mayer como polo de diversão e cultura de Lisboa (o recinto é grande e só depende de ideias positivas): muito teatro e espaços de cultura como livrarias, escolas de teatro, um polo museológico do teatro de revista, etc...
Hélder Freire Costa
Produtor e Empresário do Teatro Maria Vitória